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18 de Abril de 2024

Bandido bom é bandido morto? Leia e compartilhe sua opinião

Publicado por Elder Nogueira
há 6 anos

As informações sobre a criminalidade no Brasil são assustadoras. A sensação é de que vivemos uma guerra civil não declarada e que seremos as próximas vítimas. O medo nos faz reféns e nos torna além de inseguros, desconfiados de tudo e todos, estressados e em alguns casos, agressivos, sob a ótica de que a melhor defesa é o ataque.

Falar sobre esse tema é difícil e desafiador. Há muito que se discutir. Mas a ideia é, nesse texto, trazer questionamentos com intuito de fazer que cada leitor obtenha a sua própria opinião, sem qualquer interferência. Cabe ao leitor utilizar seu conhecimento de mundo para de forma pessoal alcançar uma resposta ou apenas reforçar um entendimento já consolidado.

Ciente disto, peço a você que compartilhe comigo seu entendimento a respeito do tema após a leitura do artigo.

Pois bem!!!

O que as pessoas pensam sobre isso está relacionado às suas experiências e crenças. É possível que uma vítima de violência, depois do trauma, defenda que sim, bandido tem que morrer. Para ela, os criminosos são inúteis, colocam-nos todos em risco diariamente, trazem despesas ao governo, em consequência à sociedade pagadora de tributos, são uns vagabundos que não fazem nada o dia inteiro e saem da penitenciária, quando presos, pior do que entraram.

Também é possível que pensem assim pessoas que nunca foram vítimas de violência, ou se foram, não se sentem traumatizadas.

Por outro lado, há quem, vítima ou não, deseje olhar para a população carcerária como algo além dos números. Vale lembrar que, de acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a população carcerária no Brasil é de mais de 622 mil detentos.

E o que seria pensar nessas pessoas para além dos números? Seria se perguntar, primeiro: quem são elas? De onde elas vêm? Qual a classe social predominante? A cor da pele? Quais crimes mais cometem? Há diferenças entre os crimes cometidos por homens e mulheres?

É possível afirmar que a maior parte da população carcerária no Brasil é formada por pobres e negros, ou isso não procede? E se proceder, será coincidência?

O Brasil, tão grande quanto desigual, ainda vestindo a máscara do país das oportunidades, é mesmo uma Pátria Mãe Gentil para todos os seus filhos? E o que justificaria que aqueles que têm acesso quase restrito a uma educação de qualidade, ao saneamento básico, que o nome já diz – básico! – à segurança e às políticas públicas, estejam lotando as penitenciárias, chamadas por tantos de Universidades do Crime?

Quantos bandidos por aí já não estão mortos? Não sabemos nem os seus nomes, os seus rostos, a dor das suas famílias. Não sabemos. São bandidos. Não são gente, não têm direitos, não são vítimas.

É claro que a pobreza não justifica o crime e a desonestidade. Mas e a riqueza? Quantos ricos roubam e se tornam ainda mais ricos, mas continuam à solta estimulando o crime organizado, para que a base da pirâmide social seja punida em seus lugares?

O que resolveria o problema do país em relação à criminalidade? Mais uma pergunta que nos levará a refletir, mas de início, pensar em todas as pessoas, ricos e pobres, como seres humanos, levados tantas vezes ao extremo, à perda da sensibilidade, do amor à vida – própria e do outro – ajudaria. Lembrar que nasceram sob o jugo da pobreza, do abandono, da ausência do Estado, também.

Todas as perguntas acima seriam mais facilmente respondidas se tivéssemos, todos nós, os mesmos direitos. Não só na teoria, nos infinitos documentos que tentam provar a igualdade – que já deveríamos saber que é inexistente – mas na prática, na vida das pessoas que sentem a fome, a exclusão, o abandono, que são invisíveis, até na hora em que devem ser exterminadas, de tão insignificantes que são.

E repetindo a pergunta, você, o que acha? Bandido bom é bandido morto?

  • Sobre o autorEspecialista em Direito Processual Civil e Direito do Trânsito
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51 Comentários

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Primeiro, não existe bandido bom.

Segundo, o problema chama-se impunidade. Quase nenhum homicídio é solucionado, logo, se matar raramente rende punição imagine crimes como agressão, furto e roubo. O que temos é uma coleção de azarados que acabam sendo pegos por uma eventualidade. Mas a regra no Brasil é bem outra, raramente um crime é solucionado, quando solucionado raramente o autor é localizado, quando localizado a punição é branda.

Não vai haver parlamentar batendo carteira, assim como não haverá miserável fazendo fraude em licitação. Quem decide pelo crime, o fará de acordo com as possibilidades e como somos um país majoritariamente pobre e com impunidade, então a maior parte do crime será furto, roubo, homicídio que está dentro das condições de operação da grande maioria.

"Quantos ricos roubam e se tornam ainda mais ricos, mas continuam à solta estimulando o crime organizado, para que a base da pirâmide social seja punida em seus lugares?"
-> Volta à questão da impunidade. Quanto mais alto na pirâmide, menor as chances de ser descoberto, se descoberto precisa de provas e como o Estado é péssimo em levantar provas e evidências, maiores as chances de ficar impune. Nos EUA, um criminoso montou uma pirâmide financeira, em 6 meses depois de descoberto o marginal estava na cadeia.

"O que resolveria o problema do país em relação à criminalidade?"
-> Será que a presença da UPP e, recentemente do exército nas ruas do RJ reduziram a criminalidade por mera coincidência? Oras, estes são a certeza de que ao cometer crime serão devidamente punidos.

Fato: no Brasil, o crime compensa. continuar lendo

Excelente reflexão!!! Eu acrescentaria apenas que, em relação às penas - sejam para quaisquer crimes, excetuando-se crime famélico - estas deveriam ser realmente EXEMPLARES, tanto no sentido de recuperação do ser humano, quanto na inibição da prática de novos crimes, seja pelo apenado, seja pelas demais pessoas.
Crimes contra a Administração Pública ou perpetrado por servidor público (em função do cargo ou posição) deveriam ter agravantes de triplicação da pena, sem quaisquer benefícios de progressão de regime.
Para quaisquer casos, uma regra em comum: o preso deveria trabalhar para pagar seu sustento e custo do sistema prisional no qual está inserido. Seria mais justo para com o contribuinte e, talvez, melhorasse até as condições prisionais gerais.
Quanto à pena de morte, sim, deveria ser implantada urgentemente!!! Nos seguintes termos:
a) Pena imposta > (expectativa de vida - idade do apenado) = pena de morte;
b) Todos os condenados à pena de morte devem ser considerados doadores universais de órgãos; continuar lendo

Eu sou a favor da pena de morte em casos extremos, como latrocínio, genocídio, estupro seguido de execução da vítima etc.

Porém o fato é que,a maioria dos bandidos (daqueles que metem o revolver na sua cara), queira ou não, roubam geralmente cidadãos que são pobres também, trabalhadores que acordam as 5 da matina pra ganhar 2 salários, e quando uns pohas desses são presos, na pior das hipóteses ficam 3 meses presos, o que pra mim é inaceitável.

Nossas penas deveriam sim ser mais severas, passar a ignorar o fato de superlotação de celas, vagabundo está lá porque fez cagada, sem essa frescura de direitos humanos. Visita íntima?? Isso pra mim é uma ofensa, se o cara quer visita deveria ser por telefone atrás de um vidro blindex. Essas liberações ai de natal, que poha é essa?? Eu não acredito em espírito natalino de presidiários.

Obviamente não sou o dono da razão e não acredito que a pessoa mude no presídio, conheci 1, somente 1 que mudou, e foi por causa dos filhos e não por causa da penitenciária.

Fica ai a opinião/indignação de um cidadão que já foi assaltado algumas vezes continuar lendo

OBS: Excelente texto kkk continuar lendo

Pena de morte?
O bandido conta com a morte da hora que acorda até a hora que dorme.
Pode ser morto pela vitima em reação, pode ser morto pela policia, pode ser morto pelo parceiro na hora da divisão do saque, pode ser morto por desafetos, etc Ele não tem medo da morte.
Medo pavoroso tem é do trabalho.
Se preso tivesse que trabalhar para comer, garanto que ninguém ia querer ser preso. continuar lendo

Também sou favorável à pena de morte, mas não em decorrência de determinado crime, e sim pelo somatório das penas a que o bandido já foi condenado, Condenado a cumprir mais de 200 anos, pena de morte continuar lendo

Só gostaria de acrescentar que o "furto"nos andares mais altos afeta a todos. Não colocaram uma arma na sua cabeça mas o estrago é muito maior. A punição deveria ser como a lei prevê , menor poder de agressão, mais medidas alternativas. A grande mudança seria transformar os grandes crimes, pecuniários, de trânsito, corrupção em medidas mais duras. Tem que deixar o sujeito com o mínimo para viver, não pode perder a "pessoa jurídica"e sempre salvar a "pessoa física". Acabar com a prescrição em crimes financeiros , políticos, de "colarinho branco". Estes crimes significam menos hospitais, escolas, projetos sociais, projetos ambientais, todos com uma imensa capacidade de gerar emprego. As medidas alternativas deveriam ser regra, com projetos bem elaborados. Quero ver um "ricaço" tendo que lavar ruas após um carnaval cheio de mijo; limpar a área de expurgo de um hospital no verão 50 graus no Rio; limpar valão; fazer triagem em uma sala da Defensoria Pública; fazer marcação de consulta para um hospital; alista é imensa e bem mais efetiva que a prisão... continuar lendo

Verdade! Adoram falar "mas tem bandido na política, bandido empresário...", Mas por que os bandidos não estão roubando esses então? RS Só o pobre se ferra nesse país. Até na hora do roubo, é o pobre que se ferra. continuar lendo

Eu acho o seguinte, não é porque sua mãe batia no seu irmão que você iria bater nele e usar "minha mãe também bate nele" como justificativa pro seu pai, você provavelmente iria levar uma boa "coça" do kkkk
O que eu quero dizer é, eu sei que existe corrupção entre políticos, empresas e afins, mas não é porque o estado me rouba que eu vou meter uma arma na sua cara, só quem ja passou por isso sabe o drama que é, você fica umas 3 horas tremendo, no momento a adrenalina sobe e o coração se deixar sai pela boca.
Acho sim que bandidos tem que se fuder independente de qual seja sua classe, mas os meios não justificam o fim e o trauma de ser assaltado fica pra sempre, isso se você não for executado.
Eu odeio bandidos/peba/corruptos/projetim de mala/ afins, joga tudo na mesma cela e FODA-SE (desculpe pela exaltação kkk) continuar lendo

Inicialmente, meus parabéns pelo texto!

Diante do questionamento, é necessário que se compreenda a evolução societária, que assume novos cenários e deve ser vista dentro das legalidades e interpretada no contexto atual. Afirmar que a morte é a solução para a criminalidade é o mesmo que reportar-se aos cenários primitivos, onde o homem assume seu estado de selvageria e justifica seus atos de modo a repelir injusta ofensa que lhe é conferida. Ainda, o período de vingança difundido no século XV retrata bem esse tipo de julgamento, já que os preceitos seguidos são da Justiça pelas próprias mãos.
Vejo que até mesmo usar o termo "bandido" recebe aspecto pejorativo que estigmatiza o indivíduo infrator, dificultando assim a sua reinserção à coletividade.
Portanto, à minha análise, indivíduo infrator bom é aquele que recebeu tratamento adequado pelo Estado, cumpriu com a penalidade imposta e se ressocializou devidamente. continuar lendo

Análise boa, porém, diante da conclusão me veio em mente algumas questões para ajudar em futuras reflexões: o estado oferece o tratamento adequado? Os funcionários das penitenciarias possuem capacidade, condições e treinamento adequado para lidar com a massa carcerária? Qual incentivo, interesse do estado e do recluso no processo de ressocialização? continuar lendo

Não desejo contrapor-me ao seu comentário.
Muito lúcido e enriquecedor.
No entanto, como argumento, só se mostra válido em resposta ao cidadão de bem que eventualmente cometa um crime qualquer.
Mas, em geral, esse cidadão é punido exemplarmente na sistemática atual.
Quanto à pessoa que faz do crime seu modo de vida, o único sistema punitivo que pode ter alguma eficácia será o que retirar a vantagem delitiva.
Explico.
As motivações para o delito são a vantagem indevida e o dano à vítima (não afirmo que o criminoso deseje os dois resultados sempre. Na maioria dos casos, seu interesse resume-se à vantagem delitiva)
A expectativa de impunidade é um fator encorajador. Mas, não acredito que seja uma motivação.
Talvez os avanços tecnológicos de monitoramento eletrônico de comportamento, utilizado hoje em favor do estímulo ao consumo, possa vir a servir ao controle social, dando ao Estado repressor a capacidade de monitorar movimentações financeiras e comportamentos suspeitos.
Só acho pouco provável que os atuais detentores do poder permitam validar-se leis que valham para todos.
Como diz o velho adágio: "Não se mexe em time que está ganhando." continuar lendo

Questionamentos interessantes e intrigantes; creio que não existe qualquer relação direta entre miséria e criminalidade, mas sim entre miséria e aliciamento por parte das organizações criminosas que, ocupando o espaço que caberia ao Estado, revestem-se de uma inequívoca e nem sempre desinteressada veste social de atendimento ao interesse público.

De outro lado, temos uma classe média que, além de desconhecer a realidade que está do lado de fora da porta da sua casa, limita-se às chamadas "atitudes transformadoras" que, na maioria das vezes, atende apenas e tão somente um grupo limitado e "inofensivo".

Insta salientar ainda que aquele que envereda pelo mundo do crime, acaba dele se tornando parte e perde o desejo de sair, pois trata-se de uma espécie de atração fatal.

Quanto à violência, temos um tema ainda mais controvertido, pois, nesta sociedade líquida em que vivemos a vida humana perdeu totalmente o valor e a relevância, pois, mata-se indiscriminadamente, seja por conta de uma banalização absoluta, seja pela certeza da impunidade.

Infelizmente creio que a solução mais adequada seria uma ação contundente, firme e profunda, tal como a política de "tolerância zero", ou uma operação "mãos limpas", o que exige intensa participação social e governamental, e não apenas uma atitude para maquiar uma realidade mortal e crescente.

Espero ter contribuído positivamente para o tema. continuar lendo

A miséria traz a ignorância e desta tudo se pode esperar. continuar lendo